domingo, agosto 19, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 52

Entretanto, 1640. E um outro caminho para Portugal. Ou o seu caminho. E, de metrópole tipográfica para editar em castelhano, o cadinho da língua portuguesa, outra e bem diferente, nossa e fazendo-nos. E lá vem Mestre Aquilino dizê-lo. Nas páginas 286 e 287:
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Não falando nas citadas edições em castelhano, a primeira demonstração cervantina em Portugal, cronologicamente anterior ao trasladado para português do Engenhoso Fidalgo, que deu a lume a Tipografia Rolandiana, está na representação que teve lugar no teatro do Bairro Alto em 1733 com a Vida do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança, por António José.
Primeira tradução livre, fragmentária, para teatro do D. Quixote, por António José da Siva, o Judeu
e Primeira tradução do D. Quixote para português
(de 1794, Com licença da Real Meza da Comissão Geral sobre o Exame, e Censura dos Livros)
A comédia em Portugal, como o resto, não passava de humilde vegetação, meia hierática, meia truanesca, e assim compreende-se que esta fosse uma grosseira vergôntea da grandiosa árvore que plantaram especialmente Lope de Vega, Calderón e Cervantes. De resto, o autor tinha que comprazer com o rebaixado gosto do público, pelo que as cenas decorrem no geral em bufonaria barata, sem lógica, nem graça digna de nome. Se não fossem assim, não tinham um espectador para amostra. Calcule-se o gosto do público lisboeta pelo do público rural hoje em dia. Só compreende a patacoada. Se ouve ler a página mais dramática, desata a rir, sendo o riso a única forma de emotividade.
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Ah, Aquilino, Aquilino... nem te comento.
Lembrar-me eu que, aqui há uns anos, tive o desplante de encenar (pois!) uma comédia de Miguel Cervantes na ARCA (Atouguia)...
Não faço o comentário habitual, pronto!

3 comentários:

veritas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
veritas disse...

Olá!

Obrigada pela visita. Gostei de passar por aqui.

Voltarei em breve.

Anônimo disse...

Volta sempre, voltem sempre. Por estas paragens, apesar do grande gozo que me dá, às vezes sinto-me muito só.
E esta malta - Aquilino Ribeiro, Miguel Cervantes, D. Quixote, Sancho Pança - bem merecem companhia.