sábado, março 28, 2009
Visitas e viagens a livros e livrarias
Visitas e viagens a livros e livrarias - 1
domingo, março 15, 2009
Tempo de leituras e leituras do tempo
Há que fazer alguma coisa, e algumas coisas estão a ser feitas. Não as suficientes.
Cá por mim, ganhei o vício. Bom. A boas horas. Acho eu...
Como escreve Daniel Pennac (mais ou menos assim) em “Comme un roman”, na vida deste tempo em que não há tempo para ler, cada tempo de leitura é tempo que se acrescenta ao tempo… de vida.
Estou a ler dois livros. De dois Prémio Nobel. De 2008. Le Clézio, de literatura, P. Krugman, de economia.
quarta-feira, março 11, 2009
Manuel da Fonseca
Despertemos e vamos
Eia!
Vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico
Como era a Tuna do Zé Jacinto
Tocando a marcha Almadanim!
domingo, março 08, 2009
8 de Março - "A Condição da Mulher Portuguesa"
Em 1967, a Editorial Estampa lançou uma colecção a que chamou Polémica e de que entregou a direcção a Urbano Tavares Rodrigues. Para o 2º volume da colecção promoveu, em Novembro de 1967, um colóquio sobre a condição da mulher portuguesa para ulterior publicação, e convidou 4 escritores (Agustina Bessa Luís, Augusto Abelaira, Isabel da Nóbrega, Natália Nunes) uma jurista, Maria da Conceição Homem de Gouveia, uma socióloga (também escritora), Isabel Barreno Martins, e um economista, o responsável deste “blog” e “post”.
Tinha então 31 anos, e o convívio com escritores de que era leitor foi, para mim, experiência muito interessante.
Neste 8 de Março de 2009, reproduzo, com ligeiríssimas correcções, o começo da minha intervenção:
Ao aceitar o convite para participar neste debate, se o fiz com muito prazer, desde logo, também, me atribuí tarefas de sacrifício.
Primeiro, porque sentindo que devo apresentar os áridos números, sei que isso me pode tornar no desinteressante estragador de troca de impressões vivas, sobre temas vivos. Paciência! Tentarei pôr gente dentro dos números, adubar a sua aridez com clara significação humana. Depois, e este já não é um problema nosso, mas só meu., muito gostaria de aproveitar quem aqui está encontrado para ser mais a conversar sobre a Mulher, sobre a Mulher e o Homem, sobre o amor possível. A conversa-prazer só facultada a alguns de nós que, por isto ou por aquilo, têm o privilégio de dispor das fatias do bolo património-sócio-cultural que o ser humano vem aumentando desde que começou a sê-lo. É que a disponibilidade para a realização a dois, o tema mãos dadas, “a semente que tu és e a terra que eu sou”, tudo isto nos apela para o conversar-desfrute. E então convosco!…
Mas vamos às tarefas auto-atribuídas. Lá fora, aqui ao lado, há frio, há fome, há quem apanhe chuva(*).
Por uma questão de método, entendo dever estudar-se o problema da condição da mulher por uma forma paralela ao esqueleto de uma formação social. Porque, na minha perspectiva, a condição da mulher resulta, fundamentalmente, de condicionalismos sociais, resulta de um fundo histórico.
Condicionalismos sociais, fundo histórico, que têm as suas raízes na relação Ser Humano-Natureza, no esforço do trabalho dos seres humanos relacionados entre si, para a progressiva libertação das condições impostas pela natureza.
Teríamos assim que dividir a abordagem do problema em estratos:
- A mulher como ser biológico, na sua relação com a natureza;
- A mulher como animal social, na forma como o ser humano se organiza nessa relação;
- A mulher na consciência social, na representação que dela se tem (e que ela tem de si), nas instituições que traduzem , e tantas vezes forçam, a realidade da relações sociais e que traduzem, e tantas vezes forçam, o equilíbrio das forças sociais em antagonismo.
Vou deter-me, na minha participação, nos dois primeiros aspectos, mas afirmando, como definição fundamental, que nada é estanque.
Sobre a mulher na consciência social quero, no entanto, deixar dois apontamentos. Todo este interesse, todo este levantar a luva para discutir a condição da mulher reflecte que estamos perante um desequilíbrio. Existe, na base das relações sociais, uma transformação que, ao nível superstrutural, não é acompanhada em correspondência.A literatura, as artes dão-nos esse desajuste. Os códigos civis mostram-nos (ou não nos mostram?) que as situações legais não servem as situações de facto. E, depois, o resultado disso: páginas femininas em profusão e a ganharem dimensão social, pega-se na bibliografia económica e a mulher a aparecer em muitas obras. A mulher (e a sua condição social) em foco. Em causa uma discriminação que, pessoalmente tanto me violenta como a resultante da pigmentação da pele.
Espero, com os números que vou apresentar, ilustrar o que foi dito ou for dito, fornecer elementos úteis a um melhor aperceber da real situação da mulher e, depois, libertar-me para a troca de impressões não quantificada mas, aproveitando números, valorizada. (…)
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(*) Nesse fim de dia e começo de noite de 1967, um temporal caíu sobre Lisboa provocando inundações com dimensão e consequências verdadeiramente dramáticas. Ao sair do debate, estava a cidade e os arredores em grande agitação, e destaco a solidariedade que então se organizou e em que os militantes do PCP, na clandestinidade, tiveram relevante intervenção.
segunda-feira, março 02, 2009
As andorinhas e o amor em matéria de ensino
Ora, essa é precisamente a orientação do nosso quarto: norte, sul. Uma clarabóia na parede virada a norte, uma dupla janela na parede virada a sul. E todos os anos o mesmo drama: perturbadas pela transparência dessas aberturas envidraçadas, e em frente uma das outras, um bom par de andorinhas atiram-se de cabeça contra a clarabóia. Por isso, nada de escrita esta manhã. Abro a clarabóia norte e a dupla janela sul, e mergulho na nossa cama. E ali ficamos nós ocupados por uma manhã em observação de esquadrilhas de andorinhas a atravessarem este nosso esconderijo, de repente silenciosas, intimidadas talvez por estes dois corpos alongados que as vêm passar em revista.
Poc! Ei-las caídas no tapete.
Então, um de nós dois levanta-se, pega na aturdida andorinha na concha da sua mão – não pesam nada, esses ossos cheios de ar –, espera que ela acorde, e encaminha-a a juntar-se às companheiras. A ressuscitada, ainda um pouco grogue, ziguezagueia no espaço reencontrado, depois pica a fundo para o sul e desaparece no seu futuro.
E pronto!, a minha metáfora vale o que vale mas é a isto que se assemelha amor em matéria de ensino, quando os nossos alunos voam como pássaros loucos: fazer sair do coma escolar uma caterva de desorientadas andorinhas.