quarta-feira, setembro 17, 2008

Apresentação de um livro em Ourém

Na apresentação de "50 anos de militância e economia", na sexta 19, no espaço da ex-livraria Som da Tinta, a partir das 18.30, o programa pretende ser de convívio e de festa.
A "animação", que foi pensada e organizada entre amigos, tem a assumida colaboração do Grupo de Teatro Apollo, o que garante uma verdadeira animação!

segunda-feira, setembro 15, 2008

Um livro lançado na Festa

50 anos de economia e militância

Informações

Lançamento:
Sábado, 6 de Setembro de 2008, 16 horas
Festa do avante!
Festa do Livro
por José Casanova


Apresentações:
Ourém,
Sexta, 19 de Setembro de 2008
espaço que foi da livraria Som da Tinta
programa:
18.30 – abertura de portas, convívio
19.00 – intervenção sobre “Som da Tinta”
19.20 – apresentação de “50 anos…”
por Sérgio Faria
20.15 – animação com adaptação de conto de Luandino Vieira
(e surpresa)
(outras apresentações em preparação)


Índice (resumo)
19 de Dezembro de 1961
- José Dias Coelho
1958
um ano em que “tudo aconteceu”…
1958-59
o Partido, começo de actividade profissional
1960-61
início da guerra colonial, eleições de 1961
1962-63
na Siderurgia Nacional, Maio de 1962
1963
a “traição Verdial”, prisão
1963-1964
nas cadeias do Aljube e de Caxias
1964-69
saída da prisão, começar de novo… como?
1970-74
luta nos sindicatos, o 49212, as arbitragens
25 de Abril de 1974
1974-79
uma forma pessoal de participar… “o homem na revolução”
1978-84
ISE, FE da UC, missões de cooperação
1984-90
o doutoramento, Assembleia da República – “ambiente”
1990-94
Parlamento Europeu – “ambiente”, “aprendizagem”
1994-1999
questor, o euro, decisão de sair, candidatura de 99, a não eleição
1999-2008
Comité Central, IPTomar, teatro, AMOurém, Som da Tinta, JO

quarta-feira, setembro 03, 2008

O livro da Festa

Haverá outros...
Mas este será o livro da Festa do avante! de 2008.

Aqui, neste blog, muito tempo dedicámos a Aquilino Ribeiro, e ao seu No cavalo de pau com Sancho Pança (em cerca de 60 "posts"), e pouco tempo tempo temos dado por tão bem empregue.
Agora, esta edição de Quando os lobos uivam, e com um prefácio (inédito!) de Álvaro Cunhal e ilustrações de João Abel Manta, só pode ser o livro da Festa.
Por muito importantes que outros possam ser...
Aqui se voltará a falar dele.

terça-feira, setembro 02, 2008

A Invenção do Amor

Ouvir
aqui
o poema dito por Daniel Filipe!

segunda-feira, setembro 01, 2008

Pergunto . poderias ter sido de modo alheio?

Não esperava que esta viagem pela Pátria, lugar de exílio desse no que deu. Era para ser um leve recordar de um dos livros que muito me marcaram e que se vai buscar à estante, mais uma vez, para scanear uma capa, folhear, fazer uns comentários, "postar".
Foi muito mais que isso. E muito mais foi poderia se não decidisse parar.
Trago a dedicatória que comoveu, a saudade do amigo que, aos 39 anos, morreu.










"Com a camaradagem e a amizade do"! Em Março de 1963, já eu tinha saído da SN há alguns meses, mas mantinham-se a amizade e os contactos.
Fui preso em 17 de Maio de 1963. E já não voltei a ver Daniel Filipe!. Morreu em 1964, estava eu em Caxias.

Como penúltima das transcrições (mais que discutíveis, só justificadas por critérios de memória e de subjectividade), não de Pátria, lugar de exílio mas do livro, o poema I do conjunto de poemas O Viajante Clandestino:
.
No exacto automóvel, viajamos.
Em corpo e nervos, sal, angústia, grito.
Suor, temor da noite, aonde vamos?
Direita, esquerda? (Cruzamento). Hesito.
.
Onde? Por onde? Somos dois, calados.
A chuva alaga o universo à volta.
À beira d’água, acenam-nos soldados.
Soam no escuro os passos de uma escolta.
.
Finco as mãos no volante. Derrapagem
.– ou medo apenas do que vai contigo?
Já está próximo o termo da viagem.
Apertamos as mãos. «Saúde, amigo».
.
O relato poético de um “transporte” nesses tempos de clandestinidade e de clandestinos, em que os que não o eram tinham tarefas de apoio.
E termino, porque tem de ser!, com um pequeno trecho em que não falta sequer o nome do camarada que, na clandestinidade, foi preso depois das grandes manifestações de 1 e de 8 de Maio de 1962, e que Daniel Filipe trouxe (só para o poema o teria transportado?) para o poema em que cantou, quase um ano depois, o primeiro de Maio de 1962:
.
Pergunto . poderia cantar de modo alheio
dizer outras palavras como quem diz bom dia
poderia acaso ignorar o tempo a tortura a prisão
Bernardino e a pequena rosa
vermelha e orvalhada
insólita no tablier do automóvel azul
.
Poderia falar dos dias impossíveis
das manhãs sem revolta . do xadrez matemático
jogado interminavelmente
das virgens . dos poentes . do mar da minha infância
.
Poderia escrever meu amor e pensá-lo
Sem mais nada . sem a rubra mancha de sangue na parede da cela
Sem um nome ou um grito
.
.
Pergunto. Poderias, Daniel, ter sido de modo alheio?, teres cantado, falado, escrito, sem o teres feito como o fizeste? Só magoa ter sido tão curto o tempo,

1º de Maio de 1962 e 1º de Maio de 1974

O poeta merecia viver! E merecia ter vivido o 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974!
Como cantaria este?, se assim cantou o primeiro de Maio de 1962 (final da 3ª canção):

Vêm com o rosto de todos os dias
o olhar de todos os dias
as mãos e os pés de todos os dias
cansados de preencher impressos
moldar metais
afeiçoar madeiras
rodar motores e válvulas
sujos de óleo e poeira
deslumbrados de sol
operários . empregados de escritório . vendedores de porta
a porta
dir-se-ia que cantam
.
De súbito . a cidade parece banhada de alegria
estamos juntos meu Amor
possessos da mesma ira justiceira
Damos as mãos como dois jovens namorados
e sorrimos felizes
à doce primavera acontecida
no magoado coração da pátria

Vêm de toda a parte sem idade
Redescobrem palavras esquecidas
e no silêncio cúmplice desfraldam
um novo e claro amanhecer do mundo
.
Vêm de mãos vazias . nem flores simbólicas
nem ramos de oliveira
Entre os seus dedos apenas desabrocha
o obscuro desejo de apertar outras mãos
como as suas . nervosas . sujas . proletárias
.
E eu limpo . eu meticulosamente barbeado
eu de papéis em ordem
eu vestido de nylon dralon leacril
eu rigorosamente asséptico
eu mergulhado até às virilhas na placidez burguesa
vou convosco cantando companheiros
irmãos em pátria
em sonho em sofrimento
.
Ah riso aberto . coração do povo
cálice . flor . inesperado aroma
doce palavra antiga
liberdade

.
.
Doce palavra antiga, de todos os poetas, também de Éluard
(… Et par le pouvoir d’un mot
je recommence ma vie
je suis né pour te connaître
pour te nommer
liberté) .
Ah! os poetas…
por isso eles são o inimigo. Quando têm as mãos nervosas . sujas . proletárias.