25 de Abril, último "post". Maio. Junho. 20 de Julho. Cabo Verde, Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro), Nova Iorque.
E este "blog" de leituras ao abandono. Por terem parado as leituras? Não. A minha vida é feita de leituras, embora seja certo que muitas tarefas (ah!, a crise, ah!, a campanha das "europeias") e muitas viagens terão tornado menor o ritmo de leitura e/ou esmorecido o estímulo a transcrever impressões de leitura. Até que...
Exit - o fantasma sai de cena me tomou de assalto.
(edições Dom Quixote)
Phillip Roth é um autor que se (me) impôs. Quando não se pode ler tudo, há autores de que não se pode perder um livro. Tenho alguns. Este Roth, Pennac, Saramago, Rubem Fonseca. Gostos... embora de muitos outros goste muito.
Já aqui pelas vizinhanças se falou deste livro. E adequadamente. Adequadamente ao livro, ao autor, a quem o leu e comentou. Em
quartetodealexandria.blogspot.com. Sem fôlego!
"De uma crueldade fria e impiedosa. De uma lucidez metódica e despudorada. Que fere, rompe e esmaga, e me deixou alerta e sem fôlego.
O prazer incomparável da leitura.
O livro que todos os maiores de 60 anos deveriam ler.
E os outros também."
Claro que sim, diz quem agora acabou de o ler. Mas a crueldade fria e impiedosa, a lucidez metódica e despudorada- que fere, rompe e esmaga -. deixa muito mais alerta e sem fôlego quem, sendo maior de 60 anos, também o é dos 70, e tem mais 2/3 anos que o narrador/autor/peronagem escritor.
Apetece dizer que Roth abusa e, pondo logo no título que o fantasma vai sair de cena, não nos poupa ao "... sermão sobre a linha intransponível que separa a ficção da realidade", ou à "confissão atormentada sob o disfarce de um romance" (pág. 260) que, como autor, parece estigmatizar. Mas que, nesse mesmo diálogo, logo recupera como quem se compraz a remexer nas feridas próprias e no que desperta no leitor que, na ficção, encontra a sua própria realidade, ou o que ela poderia ser, ou que ameaça vir a ser. E brinca, aparentemente jogando com as palavras: "A não ser que seja um romance sob o disfarce de uma confissão atormentada"/"Então porque ficou arrasado ao escrevê-lo?"/"Porque escrever pode arrasar quem escreve...". E pode arrasar quem lê, dirá o leitor, este leitor.
Ademais, o desenrolar do jogo das palavras e das linhas e dos capítulos e dos diálogos do romance, um pé cá um pé lá da fronteira/linha (in)transponível que separa a ficção da realidade, é levado ao excesso de não se referir ao romance que foi escrito, que é aquele daquele escritor que é o autor do romance que está a ser lido, mas a um outro romance que ele quer impedir que seja publicado porque, se vier a ser ficção pode tornar-se uma realidade que não se quer conhecida ou, sendo realidade, não se deseja revelada ao vir a ser ficção.
Que dizer mais? Ah! muito mais... mas, por agora, chega. Há que recuperar algum fôlego.