quarta-feira, fevereiro 07, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 16

Depois da última conversa com a alimária, que nem conversa foi..., tentei reatar as charlas que venho tendo com ela/ele "então... bem disposto? vamos pôr-nos a caminho?!". Mais resmungou que respondeu "bem disposto... bem disposto... ninguém nos liga nenhuma...". Não pude deixar de lhe dar alguma razão, e aproveitei o arremedo de diálogo "na verdade, ninguém nos liga nenhuma...". Quase me interrompeu "... e lá queres tu ir a caminho de lugar nenhum...". Aí irritei-me um bocadinho "... qual a caminho de lugar nenhum?! vamos para a página 124, quando morre o pai do nosso Cervantes... não achas a viagem interessante?" . Assentiu "tá' bem, a viagem é muito gira... gosto tanto como tu de me reencontrar com esse Cervantes e o seu Rocinante, são porreiros... mas ninguém nos liga nenhuma... o que vais fazer, depois, com isto que para aí estás a escrecer e transcrever e ninguém lê?, depois desta caminhada cavalgada nos meus costados?... uma dessas espécie de livrecos para a arca?". Foi a minha vez de resmungar "talvez... e depois? tenho pena que não nos liguem nenhuma mas a viagem vale a pena... vá lá... a caminho da página 124"
Em Junho de 1585 faleceu o pai de Miguel, Rodrigo de Cervantes. Era um tropeço que andava no mundo. Não deixou dívidas, sinal de extrema pobreza. Os ricos, os proprietários, a quem todos fiam, que compram e não pagam logo, é que deixam sempre passivo, por vezes superior à legítima dos herdeiros. Os pobres comparecem limpinhos dessas sarandalhas perante o divino juiz. Figuraram de testemunhas no testamento, tão radical em mandas, dois frades das Mercês, e dois calceteiros. Para Cervantes e família, foi uma semanada, duas, que houve que consagrar à morte do velho. Em 1 de Agosto do mesmo ano, Cervantes comparecia no tabeliãos a assinar uma escritura como fiador dum empresário de comédias. Lá voou outra semanada em Madrid.

Não resisto, desculpem lá os que, eventualmente..., leram este pequeno trecho: que maravilha!

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