domingo, maio 06, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 31

Desde 5 de Abril, um mês passado, que não dou um passeio neste cavalo de pau, que de tanto repouso tem abusado. E a falta que me tem feito... Como a vida nos afasta de fazer coisas que tanto prazer nos dão! Volto aos ludíbrios que D. Quixote de la Mancha descerra em maior quantidade que "um prisma de cristal ao sol". E só por um exemplos que a nós diz respeito me fico.
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E, vai, uns (dos "astrólogos da literatura") descobriram ali uma sátira e coisas e loisas coevas, outros uma configuração dos tempos futuros. E não faltou quem, avantajando a alça, visse no reticulado do megalómano personificado, não vemos bem com que geometria, o tribunal do Santo Ofício. Finalmente, na mesma ordem de interpretações, Tomás Ribeiro Colaço, no belo livro D. Quixote, Rei de Portugal, sustentou com nutridos e calorosos argumentos a tese de que o cavaleiro manchego, alcandorado a destemperos e loucuras sobre-humanas, era nem mais nem menos D. Sebastião, o Desejado, cuja memória infeliz e trágica, delirante e absurda - notou Cervantes - a piedade do povo lusitano começava a revestir dum indulto exorável de lenda. E neste guindado símbolo, Ribeiro Colaço não foi menos lógico que os outros exegetas.
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E como andei arredado destas tarefas, a elas voltarei breve, se é que não já a seguir...

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