domingo, maio 06, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 32

Aproveito uma trégua em outras obrigações e deveres, para dar mais um pequeno passeio, procurando ajustá-los à dimensão do que chamam "post", ainda pelas mesmas páginas 173/4, onde Mestre Aquilino se encontrou com Ribeiro Colaço, que faz de D. Quixote um desejado D. Sebastião tão idiossincraticamente português.
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Este livro tem a propriedade, pois, de ser uma espécie de quadro parietal, fosforescente, de todos os intuitos filosóficos e sociais, ou apenas a torre roqueira, onde veio esbarrar a Cavalaria. Com igual verosimilhança, o adaptaram a este e aquele padrão, sem igualmente haver seguridade no desmentido.
Assim como assim, depois do Quixote, os romances de Cavalaria caíram no limbo. Estava o desfecho implícito na evolução natural das escolas literárias. Mas a durindana do cavaleiro manchego deu-lhes o golpe de misericórdia. Não foi apenas para as novelas de Cavalaria que soou o dobre a finados. Se-lo-ia, também, para a feudalidade, sobreviva ao Renascimento, com seus condottieri, suas Ordens militares, seu direito absoluto, seu monarquismo absorvente e autocrata. Pelo menos por um longo período. Di-lo Byron no seu D. Juan:
(...)
«Zombando, Cervantes decepou o braço direito de Espanha, que era a sua Cavalaria. A partir dessa data, acabaram ali os heróis. Pagou caro com tal perda a glória de possuir semelhante livro.»
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Apesar de ter dado um salto, pequenino que cavalo de pau não é saltador, saiu o passeio mais largo que o anunciado. Mas que hei-de fazer? Quando me ponho a dar estes passeios difícil é parar quando tudo se antolha matéria a ver e a transcrever. E apetece logo passar ao que Mestre Aquilino chama o "berço do D. Quixote de la Mancha". Lá iremos. Espero que breve.

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