sábado, março 31, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 28

Vamos lá aproveitar estar na estrada para fazer mais um pedaço de caminho. Que, como dizia um outro (Machado), se faz al camiñar. E há ainda tanto caminho por fazer! Agora, será um saltinho até à página 168, lamentando sempre o que ficou pelo meio sem ser aqui trazido. Mas isto não é uma transcrição do ensaio de Aquilino em folhetins...
(...) hoje ainda é admissível que, sob cartaz de certame, uma caterva de ratões, bem comidos e bebidos, apeiem dos automóveis, e, de luvas, charuto na boca, com as suas hammerless de luxo, sacadas de estojos de camurça, se ponham a fuzilar pobres pombos prisioneiros, quando, logrados pela esperança de readquirir o que há de mais precioso do mundo a todo o ser vivo, remontam no céu, imaginando-se a são e salvo. É verdade, mas não se deitam os escravos às moreias para as engordarem e tornarem, com a carne cevada a trigo e vinho, mais saborosas aos epicuristas.
Tal seria o teor da época que reflecte aqui e além o D. Quixote. Mas a novela, além de caricatura dos livros de Cavalaria, querem os cervantistas que seja um libelo contra as prepotências, um idearium apologético e uma crítica de costumes. E esta palavra de Cervantes, que gostaríamos fosse um estigma, representa uma pura contemporização: No quedaron arrependidos los duques de la burla hecha a Sancho Pança del gobierno que le dieron.
Arrependimento? A ver vamos. Logo a seguir...

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