domingo, março 11, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 26

Também acontece que quando as núvens estão tão baixas e carregadas que pesam na cabeça, apetece dar uma volta em cavalo de pau. Depois de, na pág. 162, Mestre Aquilini contar do Juiz de Barrelas, e lembrar-me a Rainha Zinga (o que ficará para outra altura), nessa mesma página e na seguinte há pedaços que merecem parança:
O que não sofre dúvidas é que metade dos dias passou-os Cervantes a resolver problemas que para tantos imbecis estão resolvidos de nascença. Daí a sua inconformidade, menos ostensiva que visceral, contra a sociedade. Tão em contra do seu temperamento, a sua constante condição foi servir. Acedia a servir para logo se furtar à canga. Ele nos esclarece que aceitou apajear o cardeal Acquaviva, se é que o apajeou, na mira de se forjar um paládio, ainda que temporário, ou enquanto não assentasse pé em Roma. Isto obtido, ou apercebendo-se da sujeição, ala! Serviu nos terços, idólatra, como bom espanhol da era heróica, do príncipe D. João de Áustria, e breve despia o uniforme, coacto não apenas pelo estropiamento como, talvez, pelo tédio que o tomara. As letras foram para ele um refúgio ou representam na sua índole uma incoercível tendência?
Por aqui, pela pergunta, me fico. Logo vem a resposta... e Lisboa. Até lá!

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