segunda-feira, abril 14, 2008

De regresso...

Terá passado o período de nojo... talvez demasiado curto para o sentimento de perda.
Entrei numa livraria em Ourém. A Letra. Simpática.
Enquanto conversava com quem a mantém, sobre as dificuldades e as angústias de ser livreiro, ia vendo capas e folheando "novidades". Como gostava tanto de fazer na Som da Tinta.
De repente, vejo uma edição da Bertrand que logo me prendeu os olhos, a atenção, e logo agarrei o livro porque o queria meu, porque o queria levar comigo. Um livro do Aquilino, Um escritor confessa-se, com fotografia do autor, do escritor que se confessa. De quem tanto gosto, e com quem tenho ainda umas contas a ajustar, aqui neste blog, por causa daquela viagem no cavalo de pau com Sancho Pança.
O entusiasmo logo esmoreceu quando, nessa mesma capa, li: prefácio de Mário Soares! Fiquei parado, livro na mão. Quase mecanicamente, folheei aquilo que tinha nas mãos. Saltei as 2 ou 3 páginas do dito prefácio, em que Mário Soares começa, como seria inevitável, a falar de si e da sua relação com Aquilino, onde e como o encontrou, a contar-se. Saltei linhas e essas poucas páginas. Como quem foge. E cai numa longa nota preambular (que nem mereceu a "honra" de estar na capa) de José Gomes Ferreira, de anterior edição, creio que de 1974. (se calhar, ainda ficava pior se tivesse visto o preamulador de parelha com o prefaciador).
Tudo foi demais! Sai da livraria. Zangado. Com o mundo. Com o estado do mundo. Deste mundo prostituto. Com os prostitudos deste mundo. À Ruben Fonseca, e sem memória dos charutos porque nunca fumei.
Terei de lá voltar. Serenados os ânimos... Porque temos de recomeçar a relacionar-me com livrarias e livros. Tenho de fazer umas "pazes". Mas assim é difícil!

3 comentários:

Anônimo disse...

Está em todas, esse Mário. Depois de um período em que parecia que a velhice lhe tinha trazido um bocadinho de vergonha, voltou a ser o que sempre foi, no essencial.
Deve haver duas ou três maneiras de o esquecimento não nascer com a morte. Seguramente, umas mais justas que outras.
Aparecer em todo o lado a dizer maravilhas de si próprio - e, sobretudo, a dizer o que não foi - foi aquela que o Mário "fixe" escolheu.
Nós cá estaremos para contar a verdade.

Sérgio Ribeiro disse...

Foi com verdadeira alegria que verifiquei que este blog teve visitantes, e que um fez um comentário. É sentir a Som da Tinta viva. Como tem de continuar a estar.
Obrigado, mide. Além disso, o comentário é excelente. E acrescenta, ao post e suas intenções, observações que, pela sua justeza, também muito agradeço.

MaçonariaPrincess disse...

Sérgio Ribeiro,
Os meus cumprientos!
Chamo-me Sílvia Soares, sou uma jovem Pintora e Escritora natural do Porto.
Eis-me aqui deixando um testemunho de apreço e admiração porque já tinha ouvido falar de si e do seu trabalho no Som da Tinta.
Parabenizo-o pelo trabalho apresentado no blog que está muito interessante e chama à realidade dos nossos dias, factores preponderantes de individualidades crediveis ou nem tanto da nossa actualidade!
Acho muito bem que continue na sua fiel peregrinação a abordar temas como tem tratado. O universo mundano precisa, os Artistas agradecem e a Cultura renasce das cinzas enaltecida!
Receba este abraço fraterno, revestido de muita Luz e Inspiração!
Maçonaria Princess

P.S. Apenas vi disponibilizado uma morada de contacto...gostaria de poder contactá-lo via e-mail ou telefonicamente, será possível?