Este é o verdadeiro almanaque Borda d’Água. Que faz 80 anos. Mas houve um outro. Também verdadeiro. E nosso. Da Prelo! A que se deu o nome de O Manda-chuva. Editado no ano do livro (ou da leitura).
Juntou-se um grupo de colaboradores, formou-se uma equipa, e foi decidido conceber e editar O Manda-chuva (com um excelente “boneco” do Manuel Augusto).
Também aqui se queria mostrar. Como “chave de ouro” para esta série de “posts” de lembrança de edições de uma editora. Que existiu e que não pode (não deve!) ser esquecida.
Mas aconteceu o inac(r)e(d)itável (e tantas vezes repetido… raro com esta gravidade). Correram-se os “cantos à casa” e não se encontrou um exemplar! Decerto depois de tanto termos mostrado a prova do que foi a “aventura”, um último exemplar foi emprestado a alguém, com a garantia de que seria devolvido... e devolvido não foi. Isto tem de ser reparado…
Mas, para agora, e para compensar, reproduz-se o que, em 50 anos de economia e militância, lá está como referência a este episódio tão relevante nestes 50 anos. E na Prelo Editora!
«(…) Esta terá sido uma das mais interessantes experiências editoriais a que estive ligado, com a edição, pela Prelo, do “nosso” Borda d´Água. Tal como o original, um calendário-caderno, com pequenos textos e efemérides. Mas, em O Manda-chuva, os curtos textos eram políticos e as referências a datas bem diferentes das dirigidas aos agricultores. Por exemplo, um texto sobre os horóscopos em que, partindo-se da emigração e da guerra colonial, os dois signos eram voltar as costas à Pátria ou lutar para que ela fosse diferente; como efemérides, em vez das dos santos, dias de semear e de colher, ou estando estas tratadas de outra forma, as de 18 de Fevereiro, 5 de Outubro, 8 de Março, 1º de Maio, 7 de Novembro, a da morte de Salazar com um poema de Brecht ao lado – por acaso… – sobre o “pintor de tabuletas”, dedicado a Hitler que, se “voltasse cá”, não arranjaria lugar como contínuo numa repartição pública.(…)
Em suma, uma 1ª edição de 5.000 exemplares e uma 2ª de 6.000, e a PIDE a apreender os que ainda encontrou e a levar “o manda-chuva” da Prelo, que seria eu – isto na opinião deles…–, e um dia (mal) passado numa daquelas salas (até pelas recordações), a ser chateado e intimidado.
Mas até deu algum gozo, pois a minha “defesa” foi a do interesse económico da empresa, comprovado pelas duas edições, tão esgotadas que “eles” só tinham apreendido uns exemplarzitos. E, sempre que perguntada a autoria dos textos, a mesma resposta: se estavam assinados eram aqueles os autores, se não estavam assinados eram da responsabilidade da editora…
Dessa argumentação não sai, e dessa me safei assim. Com grande irritação d”eles” e ameaças correlativas.(…)».
Juntou-se um grupo de colaboradores, formou-se uma equipa, e foi decidido conceber e editar O Manda-chuva (com um excelente “boneco” do Manuel Augusto).
Também aqui se queria mostrar. Como “chave de ouro” para esta série de “posts” de lembrança de edições de uma editora. Que existiu e que não pode (não deve!) ser esquecida.
Mas aconteceu o inac(r)e(d)itável (e tantas vezes repetido… raro com esta gravidade). Correram-se os “cantos à casa” e não se encontrou um exemplar! Decerto depois de tanto termos mostrado a prova do que foi a “aventura”, um último exemplar foi emprestado a alguém, com a garantia de que seria devolvido... e devolvido não foi. Isto tem de ser reparado…
Mas, para agora, e para compensar, reproduz-se o que, em 50 anos de economia e militância, lá está como referência a este episódio tão relevante nestes 50 anos. E na Prelo Editora!
«(…) Esta terá sido uma das mais interessantes experiências editoriais a que estive ligado, com a edição, pela Prelo, do “nosso” Borda d´Água. Tal como o original, um calendário-caderno, com pequenos textos e efemérides. Mas, em O Manda-chuva, os curtos textos eram políticos e as referências a datas bem diferentes das dirigidas aos agricultores. Por exemplo, um texto sobre os horóscopos em que, partindo-se da emigração e da guerra colonial, os dois signos eram voltar as costas à Pátria ou lutar para que ela fosse diferente; como efemérides, em vez das dos santos, dias de semear e de colher, ou estando estas tratadas de outra forma, as de 18 de Fevereiro, 5 de Outubro, 8 de Março, 1º de Maio, 7 de Novembro, a da morte de Salazar com um poema de Brecht ao lado – por acaso… – sobre o “pintor de tabuletas”, dedicado a Hitler que, se “voltasse cá”, não arranjaria lugar como contínuo numa repartição pública.(…)
Em suma, uma 1ª edição de 5.000 exemplares e uma 2ª de 6.000, e a PIDE a apreender os que ainda encontrou e a levar “o manda-chuva” da Prelo, que seria eu – isto na opinião deles…–, e um dia (mal) passado numa daquelas salas (até pelas recordações), a ser chateado e intimidado.
Mas até deu algum gozo, pois a minha “defesa” foi a do interesse económico da empresa, comprovado pelas duas edições, tão esgotadas que “eles” só tinham apreendido uns exemplarzitos. E, sempre que perguntada a autoria dos textos, a mesma resposta: se estavam assinados eram aqueles os autores, se não estavam assinados eram da responsabilidade da editora…
Dessa argumentação não sai, e dessa me safei assim. Com grande irritação d”eles” e ameaças correlativas.(…)».
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