Acompanhando Cervantes, e a sua atribulada vida, vamo-nos aproximando de D. Quixote. A página 158 é uma "ponte", que se atravessa encantado, ao contrário do que sente Cervantes:
O que parece ter valido a Cervantes é que o desencantamento que experimentava agora e logo era menos forte que o seu poder de ilusão. Vencido, sim, mas vencido que não se rende. Escarmenteado de todos os bons e maus trabalhos com o fidalgo e o vilão, o frade e o leigo, o alcaide e o carabineiro, além de pobre, aperreado, era o cão malhadiço que vai sempre ao direito do nariz, fungando, rabo entre as pernas, depois de uma pedrada evitando outra.
Examinando bem, os passos da vida de Cervantes são pois as patacoadas de D. Quixote, traduzidas para ridículo. Compreende-se. O seu prazer de revel foi, servindo-se de um herói estapafúrdio e que ninguém tomaria a sério, zombar du monde et de son père. Que regalo revessar na cara de todos o seu fastio humano, quando não é desprezo descomposto, e ninguém pode pedir-lhe contas?! Ser um doido imenso e irresponsável como Deus, o que em Espanha não é raro, mas se processa sempre na escala homérica!
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