quinta-feira, fevereiro 08, 2007

No cavalo de pau com Sancho Pança - 17

Casou-se o homem, mais por interesse e recato que por amor - assim sugere Aquilino...
E em Esquívias, nova morada, parece muito ter avançado o D.Quixote. Com a curiosidade de, nesta página 125, aparecer um nome que, em 1960, teria incomodado leitores-censores, se acaso Aquilino não lhes conseguiu escapar à inquisição.

No redondo de muitas léguas, impunha-se pelo borbulhante. De mistura, Quijanos, os bons, Salazares, ávidos e demandistas, e toda a fidalguia provinvial de meia-tijela, poupadinha, cautelosa, prestando ouvido empolgado ao mexerico, lidos de Amadis e do Livro de Carlos Magno, poucos os que assinavam mais do que de cruz, no geral honrando-se todos de suas letras gordas. Se a estes figurantes do Quixote, das novelas e entremezes, nem sempre os trasladou dali, tais quais, com o próprio nome, forneceu-lhe Esquívias bom madeirame para a sua oficina de ficcionista. Pelo processo dos enxambladores, tirando deste e ajuntando daquele, afeiçoando tal outro, corregendo além, assim perfez a lotação da sua romanceada arca de Noé.

Um comentário:

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, querida amiga. Na verdade, andava um pouco tristonha não encontrar nenhum eco a este trabalho que tanto prazer me está a dar. Não seria isso que me faria desistir - até pelo gozo que me está a dar... e por me parecer adequado a um espaço como deste blog de uma livraria - mas assim fico mais animado.
Obrigado.