Hoje, sei lá porquê, ou até sei..., apeteceu-me chamar biltre a um fulano que eu cá sei. E até sei porquê embora quisesse fazer de conta que não sei.
E fiquei nessa de chamo-não chamo... talvez chame... se ele fizer outra igual ou parecida... e se ele estiver por perto.
Por aí me fiquei a chamar biltre a um fulano sem biltre lhe ter chamado. E a palavra comigo ficou, como uma etiqueta a colar quando oportuno.
Biltre... Pois. A palavra exacta.
Era para ir ao dicionário ver o exacto significado da palavra exacta. Mas, antes, abri, ao acaso, um livro do Gedeão e logo me aparece a página com o
Poema da palavra exacta
Eu dou-te uma palavra, e tu jogarás nela
e nela apostarás com determinação.
Seja a palavra "biltre".
Talvez penses num cesto,
açafate de ráfia, prenhe de flores e frutos.
Talvez numa almofada num regaço
onde as mãos ágeis manobrando as linhas
as complicadas teias vão tecendo.
Talvez num insecto de élitros metálicos
emergindo da terra empapada de chuva.
Talvez num jogo lúdico, numa esfera de vidro,
pequena, contra outra arremessada.
Talvez...
Mas não.
Biltre é um homem vil, infame, ordinário.
São assim as palavras.
António Gedeão, no espaço Som da Tinta, amanhã, às 16 horas, contado/cantado por Manuel Freire. Com as palavras exactas.
Um comentário:
Finalmente fui ao Som da Tinta. Hoje faltou-me uma cadeira, mas adorei. Vou voltar sempre que puder e quando os eventos me atraírem.
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